sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

OS CAMINHOS DA LEITURA (2)


Parafraseando um poema de Max Martins (1926-2009), o lugar para ter onde ler – e sem nenhum custo – para o leitor brasileiro é o da biblioteca escolar. “Em alguns Estados, aliás, a biblioteca escolar é mais frequentada do que a pública” escreve Maria Antonieta Antunes Cunha no artigo “Acesso à leitura no Brasil”, inserido em “Retratos da leitura no Brasil” (Instituto Pró-Livro, Imprensa Oficial-SP, 2008), publicação que analisamos nesta série sobre a leitura. E a doutora em Letras acrescenta: “É o que ocorre no Pará, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina”.
E quais as necessidades desse leitor quando se dirige até uma biblioteca, seja ela escolar ou pública? Os números desnudam essa indagação: a maioria (40%), constituída de 38 milhões de leitores vai em busca de livros; em segundo lugar (12%) ficam as revistas e, em terceiro lugar, os jornais. O que assusta nas respostas a esse item é o número de leitores que não costuma ir à uma biblioteca: 55,3 milhões (58%). Faltam bibliotecas nos municípios brasileiros ou projetos que estimulem os leitores a chegar até elas?
Falando em bibliotecas escolares, no Pará – Estado mencionado na pesquisa – uma iniciativa pioneira desenvolvida pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc) em 2009 proporcionou a aquisição de cerca de 30 mil livros de autores regionais, contemplando 44 editoras e até mesmo os chamados escritores independentes (34 autores) para fomentar os acervos de 524 bibliotecas das escolas públicas estaduais atendidas pelo Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares (Siebe). Essa política de incentivo à indústria do livro regional, que respeita, também o autor paraense, está em sintonia com os dados estabelecidos na pesquisa que registra como a forma de maior importância de acesso aos livros para os leitores o empréstimo de exemplares por bibliotecas (públicas ou particulares), em três faixas etárias: 49% (4 a 10 anos), 11 a 13 (53%) e 14 a 17 (47%).
Os canais do mercado pelos quais os leitores têm acesso aos livros também são diversificados. Em primeiro plano aparecem as livrarias (35%), que atendem a 32 milhões de leitores, depois vem as bancas (19%) com atendimento de 17,3 milhões de leitores e, na terceira posição, os sebos (9%), que atendem a 8,2 milhões de leitores. A pergunta que não pode calar é “e as feiras de livros?”. Segundo a pesquisa constatou, eventos como a XIII Feira Pan-Amazônica do Livro – iniciada dia 6 e que vai até 15 de novembro – ocupam o quarto lugar com 9% e atendimento a 8,1 milhões de leitores. Embora seja uma considerável cifra, talvez pela sazonalidade desses eventos culturais, nos quais nem sempre o livro é o carro-chefe das atrações, muito menos os escritores, a percepção seja de que há uma necessidade crescente de mais oportunidades para colocar frente a frente leitores e escritores no espaço da discussão de idéias, forma salutar de consolidar a cidadania no país.


CINCO CANAIS DO MERCADO PARA ACESSO AO LIVRO*
Livrarias – 35%
Bancas – 19%
Sebos – 9%
Feira de livro – 9%
* Resposta estimulada em que os compradores podiam citar várias opções

COMPRADORES DE LIVROS NO BRASIL *
Comprou pelo menos um livro no ano)
Livros em geral – 36,3 milhões
Livros indicados pela escola – 15,2 milhões
Textos de trabalho – 3,4 milhões
* Um mesmo comprador pode ter comprado vários tipos de produtos ao ano

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